sábado, 25 de setembro de 2010


A PODEROSA NIX – DEUSA da NOITE



Voltemos ao começo do mundo, sob a égide da mitologia grega. O mundo começa com o CAOS. E ele gerou NIX e ÉREBO. Então a NIX é a primeira mocinha da mitologia, depois de GAIA. Eu acho a noite linda. Inspiradora. Poética. A negritude a deixa ainda mais bela. Olha a foto. Sensualidade pura. A NOITE é a deusa das Trevas. Muito apreciada pelos gatos, e por mim.

NIX é poderosa. Ela desfila, ou flutua... envolta num lindo véu negro e estrelado, e usa uma coroa de papoulas (A sua flor. De Morfeu também). Por fim, usa um lindo brinco de prata, em forma de lua minguante. Mas o seu poder, vai muito além de sua beleza. Ela faz homens e deuses tremerem na base. Até ZEUS, o comandante do universo, a respeita e teme. Aliás, o universo é igual à coca-cola. Tem um segredo valiosíssimo que ninguém sabe. Nix sabe. A noite conhece o segredo da imortalidade. Em outras palavras, pode transformar qualquer deusinho num re-les-mor-tal! Aliás, dizem que ela fez isso com Cronos, quando Zeus o destronou. Homero a chama de “domadora de deuses e homens”.

Parece que a noite se divertia em brincar de reproduzir-se. É exatamente o que você pensou: assim como seu pai Caos, ela fecundava sem a ajuda de ninguém. Olha, eu nunca vi tanta mulher poderosa como na mitologia. Mas nada que se assemelhe a uma Rousseff. A deusa grega é um tipo que tem luz própria. É capaz de decidir sozinha. É dona do seu destino. Nix é quase a Madona do universo, mas ali, quem dança é As Horas. Ou as Musas.

Finalizando, Nix teve uma cambada de filhotes. Vou mencionar apenas alguns famosos, da sua produção independente: Tânatos (a Morte), Hipnos (o sono), Éris (a Discórdia), Geras (a Velhice), Caronte (o barqueiro sinistro do mundo dos mortos), a Miséria, as HESPÉRIDES e as terríveis MOIRAS. Percebeu que é tudo de cunho dolorido? É como se ela quisesse mostrar ao mundo do que ela é capaz. Não mexa com ela, viu?


Filhotas de Nix - HESPÉRIDES e MOIRAS


Acho essas filhas de Nix, fantásticas! As HESPÉRIDES eram deusas primaveris. Eram elas quem vigiava as maçãs de ouro, ou os pomos de ouro do Jardim das Hespérides (junto com alguns monstros). O jardim mais lindo da antiguidade.O jardim é famoso porque faz parte de um dos trabalhos de Héracles (Hércules). Mega desafio entrar lá. Já os pomos, são famosos por gerarem a expressão “pomo da discórdia”. Porque foi exatamente Éris (a Discórdia) quem provocou Hera, Atena e Afrodite jogando um pomo desses, com a expressão: para a mais bela. Essa briga pra decidir a mais linda das três, foi um trelelê que você nem imagina. Acabou dando na Guerra de Tróia, acredita? Essas filhas de Nix... 


As MOIRAS eram decisivas para todos nós. P.Commelin (um de meus prediletos) chama estas senhoras de “infatigáveis fiandeiras”. E sabe que fio é esse que elas não cansavam de tecer? O fio da vida! Elas obedeciam a ordens do deus Destino. E moravam num palácio onde estavam gravados, em ferro e bronze, os destinos dos deuses e dos homens. Nada poderia apagar. As três irmãs, portanto, fabricavam, teciam, e cortavam o fio da vida dos indivíduos. Seus nomes eram Cloto, Láquesis e Átropos.   


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

EROS - O pestinha do Cupido


EROS: personificação do AMOR. Ele é o amor. É quem possibilita a união, a vida, a multiplicação, a fecundação: o SER. Temos enfim o último deus que fecha o quarteto do início do mundo, segundo Hesíodo. Se CAOS e TÁRTARO são o não-ser, porque Tártaro aprisiona e Caos separa (não forma um casal), EROS é do time de GAIA. O time do ser, da promoção dos casais que darão continuidade ao mundo.

Mas a versão mais bacana de EROS é a de Homero. Na Ilíada, quando as tropas de Menelau seguem para a guerra de Tróia, Homero fala-nos do Pestinha do Cupido (eu o chamo assim), aquele deus-menino que vivia disparando flechas, adoidado, nos deuses e mortais, gerando uma confusão danada. É o filho de Ares e Afrodite. Boa coisa não iria sair, correto?

A história de amor de EROS e PSIQUÊ é uma das mais lindas da mitologia grega. Psiquê, uma mortal lindíssima e fadada a sofrer - justamente porque era belíssima. E mais: era linda e  ninguém queria casar-se com ela, somente contemplá-la. Quanta ironia. Os rapazes tinham medo de tanta beleza. O pai, vendo que a filha não desencalhava, consulta o oráculo e segue seu conselho: prende Psiquê num rochedo para que um monstro, que irá desposá-la, vá lhe buscar. Que oráculo maluco.

Afrodite, que andava com inveja da beleza de Psiquê, porque os homens deixaram de adorá-la nos templos para correr atrás da outra bela, arma uma cilada: pede a EROS, seu filho, que vá até o rochedo e espere Psiquê com suas piores flechas: de ódio, desprezo, engano. E Eros foi. Ao vê-la de longe, EROS posiciona-se para flechá-la, quando de repente Psiquê vira o rosto. Eros a viu de longe e ficou embasbacado: que mortal mais linda... Ficou tão petrificado que uma das flechas escorregou e o feriu no peito. Pronto. O feitiço virou-se contra o filho da feiticeira. Eros, filho de Afrodite, fora flechado pelo amor.

Por causa do arranhão ele voou de volta ao Olimpo para recuperar-se em seu reino. De lá deu ordens ao vento Zéfiro para conduzir Psiquê até o seu palácio encantado. A mortal então encanta-se com a beleza do palácio e com o tratamento de rainha que começa a receber ali. Foi instruída a aguardar o seu marido à noite. Ao chegar, Eros entra no quarto escuro e dá a Psiquê a noite de amor mais sonhada por todos os mortais. Eros e Psiquê estão apaixonados. Eros e Psiquê começam a se amar profundamente. O deus, que não quer revelar-se como tal, avisa à amada que não pode revelar o seu rosto. E pede que ela apenas o ame. Em seguida deixa o quarto, antes do amanhecer.

Seguem-se os dias e Psiquê está feliz e realizada, tanto que sente vontade de contar sobre sua felicidade a seu pai e suas irmãs. Eros é contra, mas acaba aceitando. Aqui percebemos o quão invejosas as irmãs de Psiquê são: ao invés de vibrarem com a irmã, instiga-a a ver o rosto do marido. E assim ela procede. No seu regresso, depois de terem uma doce noite de amor, Eros adormece como de costume. Psiquê apanha uma lamparina e acende para ver o rosto do deus. Que rosto lindo... Psiquê fica tão inebriada com a beleza, que deixa uma gota de óleo ardente cair no ombro do marido. Ops. Eros acorda e vê que Psiquê traiu a sua confiança. Eros levanta-se, prepara as asas e parte. O amor está ferido. O amor não suporta a desconfiança.

O gentil Zéfiro aparece nesse momento e a leva de volta ao rochedo. Psiquê estava triste e sem saber o que fazer. Perambulou, perambulou e decidiu buscar o templo de Afrodite para se aconselhar. É lógico que a mãe de Eros estava irada com a mortal por ter ferido o seu filhote. Ela acaba aparecendo para Psiquê. Afrodite então pede a Psiquê que realize três trabalhos. A idéia aqui era fazê-la sofrer, porque Psiquê precisava aprender a arte de amar e saber que beleza não é suficiente para ter o seu amado. Dedicar-se com afinco ao outro, era preciso. Caso Psiquê sobrevivesse aos três desafios, teria seu querido de volta. Já viu que não ia ser nada fácil.

1º desafio: separar trinta tipos de cereais num só dia. Psiquê, depois de vinte e oito horas seguidas separando os grãos, caiu de sono, exaurida. Um grupo de formigas que viu o seu esforço, hora após hora, ajudou a separar os cereais e Psiquê concluiu a tarefa.

2º desafio: tosquiar lindíssimos carneiros de lã de ouro. Mas como? Os carneirinhos eram canibais. Psiquê ficou horas martirizando-se para encontrar uma maneira. Apolo viu a sua angústia e deu a dica: “quando eu fizer a carreira do sol, ao meio-dia, atravesse o rio e tose a lã dos carneiros. Somente neste horário eles estarão dóceis e não te devorarão. Cuidado com o horário: tem que ser ao meio-dia. Psiquê, atenta, conseguiu cumprir o segundo desafio!

3º desafio: ir no Hades buscar a caixa da beleza eterna de Perséfone. Afrodite se queixara que Psiquê desgastou sua beleza ao roubar sua audiência nos templos e ao ferir o seu filho. Mas, espera. Como descer viva no Hades? Somente os mortos entravam ali. Cérbero iria estraçalhá-la se tentasse sair de lá com a caixa da beleza. Psiquê angustiou-se mais uma vez e agora foi Hermes quem se condoeu. Somente ele e suas sandálias aladas, entravam e saiam do Hades ilesos. Hermes oferece sua ajuda. Dessa maneira então, Psiquê chega no palácio do Hades, conduzida pelo mensageiro de Zeus e recebe a caixa das mãos de Perséfone. Uma recomendação: não abri-la, pois somente os deuses podiam fazê-lo.

Psiquê inicia seu retorno do Hades e erra profundamente. Cansadíssima das três árduas tarefas, ela acha que sua beleza também se desgastou e decide recuperar um pouco, abrindo a caixinha. Só assim poderia ver Eros outra vez, linda como antes. Doce ilusão. Ao abrir a caixa, o sono Estige (sono dos mortos) escapa, e atinge a mortal. Ela sucumbe. Está morta. Ousou igualar-se às deusas: somente estas poderiam abrir a caixa e ter acesso à beleza eterna. Cultivar a beleza acima de tudo, não é o melhor caminho...

Zeus acompanhou todo o sofrimento de Psiquê e viu que era suficiente. Resgatou-a para o Olimpo e tornou-a imortal. Eros, que estava morto de saudade, recebeu-a carinhoso e apaixonado. Em seguida Zeus ordenou que fosse realizada no Olimpo uma belíssima cerimônia para celebrar o casamento de Eros e Psiquê. A sogra Afrodite, esqueceu a inveja de Psiquê e os abençoou.

sábado, 18 de setembro de 2010



AGRADECIMENTO
Site: ARELLI, A História de um Anjo
  


ANJOS existem? Claro que existem! São aqueles que chamamos de amigos. Amigos - gente que nos acode, que faz a gente rir, que vê a gente chorar e conforta com o silêncio. Gente que nos ouve. Gente que só precisa existir pra nos fazer bem. Oh coisa boa. Ainda bem que tenho meus anjos.

ARELLI é um anjo. E NESSIE também. Só que a história de Arelli você precisa ir correndo ler, é incrível. Eu li. E recomendo. O livro prende horrores, eu não conseguia desgrudar quando estava lendo. Vai lá no site de Arelli saber do livro! E aproveita pra ler a ENTREVISTA com a AUTORA de PELOS PODERES DOS DEUSES OLIMPANOS. Nessie me entrevistou!
http://arelli-anjo.blogspot.com/2010/09/entrevista-com-sarah-micucci.html

Anjos: obrigada. Sempre. Beijo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

TÁRTARO


Não tem jeito. TÁRTARO só me lembra aquele creme dental Golgate anti-tártaro. Lembro até das cores predominantes: vermelha e marrom. Mas o TÁRTARO aqui é o terceiro deus primordial designado por Hesíodo. Representa, literalmente, o mundo inferior. Olha na figura como ele está lááá embaixo. A distância dele para a terra (Gaia) é a mesma distância que da terra (Gaia) para o céu (Urano). Se você soltasse a maçã de Newton do céu para cair no Tártaro, levaria vinte dias caindo até chegar lá. De fato, altamente inferior.

Hesíodo o chama de “nevoento e bolorento”. Há quem o considere um poço úmido, frio e ‘desgraçadamente imerso na mais tenebrosa escuridão’. Bastante sinistro. Mas eu diria que o Tártaro é antagônico. Veja só. Por um lado, ele beneficia a humanidade aprisionando os titãs, os gigantes de cem braços, a Hidra de Lerna e outros do timão de monstros. Que bom que ele existiiu. Por outro lado, depois da guerra de Titãs, o Tártaro decide casar-se com Gaia. Torna-se pai, nada mais nada menos do que Tifeu, ou TIFÃO. Aquela “coisa” que Zeus enfrentou antes de ingressar de vez no Olimpo.

E é isso mesmo que você leu. Depois de vencer a guerra dos Titãs e destronar Cronos, o todo-poderoso ainda teve que enfrentar o mega monstro Tifão antes de assumir o trono do Palácio do Olimpo. Poxa. Tártaro poderia ter poupado Zeus dessa...

Ah! A NOITE se esconde no Tártaro. Lá é a sua morada. A tal da Estige também mora lá. Os deuses detestam ela. Caos também está lá. Imaginem o ambiente disso.


TIFÃO – “A COISA”
Início da Cadeia de Monstros


Olha a descrição da “coisa”: braços violentos e pés que não cansam nunca. Ombros com cinqueta cabeças de dragões em cada um. Faíscas de fogo nos olhos. Da cintura para baixo, era comandado por víboras. Um gigante maior que as montanhas e que, se abrisse as asas, tapava o sol.

Tifão era a personificação do terremoto. E nesse dia, da luta com Zeus, a terra ferveu. Foi revolta do mar com onda pra todo lado, foi treme-treme de terra com trovões, relâmpagos e raios, foi confusão de Titãs e Hades no Tártaro. O mundo estava em fúria por causa do gigantesco Tifão. Eis que Zeus resolve reagir, e o golpe foi rápido e certeiro. Bastou tomar a decisão: o todo-poderoso empunha suas armas, o raio flamejante, o relâmpago e o trovão e, tomado pelo ódio horrendo, degola instantaneamente todas as cabeças do gigante da hora. Tchau Tifão. Vai para as profundezas do Tártaro que é o teu lugar.

O monstrengo deixou de herança o ventos furiosos que açoitam o mar de vez em quando, e assustam os navegantes. Às vezes causam “grande ruína aos mortais”. Que “coisa” viu... E esse é somente o início. TIFÃO deu cria. Não esqueçam disso.